O empresário e arquiteto Leandro Teixeira Costa será empossado presidente da ACIFI (Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu) na próxima terça-feira, 24, às 19h30, no Wish Resort Golf Convention Foz do Iguaçu. O evento marca a posse festiva da Diretoria, Conselho Superior Deliberativo e Conselho Fiscal – Gestão 2016-2018.
Em entrevista à Gazeta do Iguaçu, Costa fala sobre os planos da diretoria que sucede à gestão “Expandindo o Associativismo de Resultados”, encabeçada pelo presidente João Batista de Oliveira (2014 -2016). O novo presidente aborda os desafios para o fortalecimento da economia de Foz do Iguaçu e como a entidade pretende atuar para solucionar entraves e aproveitar as oportunidades para o desenvolvimento.
Como estão os preparativos para início oficial dos trabalhos da nova diretoria?
Os trabalhos já iniciaram. Estamos alinhando nosso planejamento com o planejamento da entidade, que já vinha sendo desenvolvido pelo presidente João Batista, para que possamos partir para as ações efetivas.
Qual é a ação macro prevista no planejamento da nova diretoria?
É nós trabalharmos com a liberação dos alvarás das empresas. Essa é a primeira ação que nós vamos iniciar para desburocratizar tanto prefeitura quanto Corpo de Bombeiros e demais órgãos que nos travam na emissão dos alvarás das empresas. Essa é uma ação necessária e imediata.
Qual o tempo médio para abrir uma empresa hoje devido à demora do alvará?
Em torno de seis a sete meses. Em Maringá, por exemplo, temos a informação de que em 30 dias uma empresa está aberta. É uma discrepância muito grande, e nós precisamos eliminar esses gargalos. Já sabemos onde estão os problemas, então vamos tentar intervir nesses órgãos para conseguir agilizar a abertura das empresas e disponibilizar que os empreendedores fiquem disponíveis e com vontade de abrir suas empresas, trabalharem e crescerem.
Sabe-se quantos empresários estão tendo esse problema?
Sabemos que é um número grande, mas precisamos apurar com exatidão. Quando conversamos com um empresário, é comum apontar alguma dificuldade no Corpo de Bombeiros para renovação do seu alvará funcionamento. Eu acredito que mais de 50%, 60% do nosso empresariado sofra com esse problema hoje.
E isso trava o desenvolvimento de Foz?
Não tenha dúvida. Você fica travado, impedido de crescer, expandir o seu comércio, o seu negócio, em função de burocracia, de questões que não competem só ao empreendedor.
Qual o papel da ACIFI no desenvolvimento da cidade?
Não tenho dúvida da importância da ACIFI no protagonismo em ações da cidade. Ela tem que estar envolvida, tem que participar, porque todas as ações acabam refletindo no desenvolvimento e, consequentemente, nos empresários, nas empresas, porque são eles que fazem a economia crescer, que geram empregos. A ACIFI vai ser protagonista e vai trabalhar e apoiar todas as demandas que surgirem.
Hoje a ACIFI tem cerca de 1.200 associados. De que forma a entidade apoia o desenvolvimento deles?
Através da prestação de serviços e dos produtos que nós temos. Essa é a forma que nós temos de apoiar os nossos associados. E também já estamos buscando novos produtos para ofertar. Outra maneira de ajudar no desenvolvimento e crescimento empresarial é trabalhar na capacitação dos empresários associados e dos seus colaboradores, através de cursos e palestras, para que tenham melhor estrutura, mais conhecimento para aplicar em suas empresas e, consequentemente, possam crescer.
Uma das medidas anunciadas pela diretoria é o apoio ao escritório de compras do município. Como vai funcionar?
Nós estamos tratando deste assunto no Comitê Gestor de Desenvolvimento Municipal, que pretende, juntamente com a prefeitura, articular esse escritório de compras, que é uma central na qual a iremos capacitar os empresários locais para que eles possam participar das licitações dos órgãos públicos existentes no nosso município, que hoje estão comprando os seus produtos de expediente fora. Não podemos deixar que isto aconteça! Alguma coisa está errada, e acreditamos que o desinteresse do empresário, seja pela falta de conhecimento do sobre licitações, pregões. Com esta ação temos a certeza de que mais empresas locais participarão dessas licitações, para que o dinheiro fique aqui.
O escritório de compras já existe?
Sim, ele é uma ação da gestão executiva, pública, mas não funciona plenamente. A gente pretende colocar isso em prática e auxiliar, através da ACIFI, se não pelo escritório de compras, mas por uma ação própria da ACIFI, mas vamos trazer os associados aqui e fazer com que eles participem deste processo.
O senhor também já disse que pretende levar a ACIFI mais para os bairros. Como?
Primeiramente pretendemos fazer as reuniões estendidas da ACIFI. Eventualmente nós vamos conversar com as lideranças de bairros para que possamos levar a reunião da diretoria e do conselho para esses bairros, e convidar os empresários para que participem. Assim vamos abrir espaço para que eles nos tragam as demandas. Eventualmente vamos nos deparar com demandas que não são do empresário, mas demandas estruturais, e vamos tentar ajudar no que for possível. É só assim que vamos conseguir fazer com que esses bairros se desenvolvam com o crescimento do comércio local, não só com os produtos e ferramentas que a ACIFI já tem e vai ofertar, mas também pela demanda e apoio na estruturação dos bairros.
As empresas do centro e dos bairros precisam da qualificação da mão de obra. A ACIFI pretende levar os cursos até eles?
Hoje nós temos um problema de estrutura. Enquanto nossa sede não ficar pronta, não temos como centralizar. O que vamos precisar fazer é detectar uma demanda no Três Lagoas, por exemplo, que lá eles precisam de um curso sobre gestão financeira, então nós vamos providenciar isso e levar para algum local lá no próprio bairro. Isso é importante e necessário. Vamos fazer sim, vai depender das demandas.
Será possível trabalhar junto com o poder público, principalmente nas questões de demanda por estrutura urbana?
O poder público e a ACIFI têm que andar pari passu, não tem como dissociar. Nós vamos procurar estreitar cada vez mais o nosso relacionamento com o Executivo e o Legislativo para que possamos levar as demandas até eles e eles nos atendam. Com certeza nós vamos trabalhar juntos.
Na última reunião foi aprovada a criação do Conselho Consultivo da ACIFI. Como deve ser esse conselho?
Foi aprovado o Conselho Consultivo, com o objetivo de permitir a participação de mais empresários que representem a ACIFI. Quanto maior a nossa representatividade, melhor será nosso resultado! Nós vamos convocar a comissão criada para montar esse conselho, que definirá o número de membros e também a alteração do estatuto da ACIFI, que possivelmente aumentará o número de cadeiras no Conselho Deliberativo, que é uma instância diferente do Conselho Consultivo. Vamos tratar da revisão do estatuto para que futuramente possamos incorporar esses conselheiros consultivos no Conselho Deliberativo.
Como a ACIFI analisa as atuais mudanças no cenário político nacional e, ainda este ano, com a eleição municipal?
A ACIFI vê como um momento de oportunidade para conversarmos de forma aberta e franca com os candidatos e mostrar a eles que estamos unidos e queremos a participação e o envolvimento deles conosco. Vamos querer trabalhar com o Poder Executivo e o Legislativo, precisamos deles para atender às demandas do nosso empresariado.
A ACIFI deve ampliar o diálogo com outras entidades para ter mais força?
Sim. Eu tenho um perfil aglutinador e vou correr atrás das entidades que hoje não participam da ACIFI para que tenhamos esse diálogo. Também estreitar, ainda mais, o relacionamento com as entidades com as quais já temos diálogo. Pretendemos estreitar relação com a Receita Federal no que tange à capacitação dos empresários, pois a Receita pode nos trazer informações importantes sobre questões fiscais, fronteiriças. É isso que vamos fazer, estreitar a relação com entidades e órgãos de nosso município.
Um debate antigo que envolve turismo e comércio da cidade é a questão de integrar os turistas que chegam aos hotéis ao comércio da cidade, tanto do centro quanto dos bairros. Como fazer isso?
Sabemos que o nosso turista vem, conhece os principais pontos turísticos e vai embora, sem participar do comércio local. Este é um trabalho lento e que aos poucos e em parceria com o trade turístico iremos melhorar. Posso até citar um primeiro passo. Através da importante atuação do Sindhotéis foi criado recentemente, um novo atrativo turístico para Foz, que é a gastronomia. E não há forma melhor de atrair pessoas. A criação do Centro de Capacitação do Sindhotéis e a parceria estabelecida com a Le Cordon Bleu, formará novos chefes locais que darão uma nova cara para a gastronomia de Foz, e essa é uma forma de atrair o turista para o nosso comercio local, para que ele visite os restaurantes e bares, e assim envolveremos o turista com nossa cidade.
O que Foz do Iguaçu pode esperar da nova diretoria?
Muito empenho, dedicação, trabalho árduo… não mediremos esforços para atender a todas as demandas. Sabemos que há muitos gargalos, muitos problemas, mas também muitas oportunidades, então vamos trabalhar de forma firme para tentar atingir o máximo de satisfação possível.
(Entrevista publicada em A Gazeta do Iguaçu, em 21 de maio de 2016)