Cidade registra onda de demissões diante da falta de perspectivas para amenizar a crise econômica.
Foto: Marcos Labanca
* Faisal Ismail
Estão cada vez mais graves os reflexos do fechamento do comércio por causa do novo coronavírus em Foz do Iguaçu. Com a maioria dos estabelecimentos comerciais e de serviços fechados desde 20 de março por imposição da prefeitura, o faturamento das empresas caiu bruscamente. A consequência é uma onda de demissões que tende a piorar.
Levantamento realizado pela ACIFI (Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu) revela que as empresas atendidas por cinco dos principais escritórios de contabilidade da cidade empregavam 15.274 funcionários antes da crise. Desse total, 1.674 foram demitidos por causa da crise econômica. Ou seja, 11% deles.
Ao projetar esse índice de 11% de demissões para o universo de 59,3 mil empregos formais registrados no município, conforme o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), é possível estimar que a cidade já registra, pelo menos, 6,5 mil demissões entre aqueles empregos com carteira assinada.
Dois aspectos iniciais sustentam a projeção. A amostragem toma como base 15,2 mil empregos formais de um universo de 59,3 mil computados no município. Ou seja, adota como ponto de partida 25% do total absoluto de vagas com carteira assinada na cidade. Uma amostragem significativa de um quarto da realidade local.
Turismo sofre – A onda de demissões provocadas pelos efeitos nefastos da pandemia tende a ser ainda maior por um aspecto concreto. A projeção não engloba a maioria das empresas do turismo (hotéis e atrativos), pois esses possuem equipes próprias de contabilidade. Nesse caso, enquete extraoficial indica índice ainda maior de desligamentos.
Pequenos e fronteira – Coloque nesse cenário desolador os microempreendedores individuais, os autônomos e os informais, que tiveram renda reduzida ou mesmo ficaram sem receita. E tão preocupante quanto: como estão se virando os milhares de brasileiros que trabalham no Paraguai e estão sem salário?
Estamos caminhando para o caos econômico no turismo, comércio, serviços etc. Os efeitos nefastos só foram temporariamente adiados por causa de medidas alternativas adotadas pela maioria dos empresários para proteger empregos, como férias, suspensão temporária de contratos de trabalho e/ou diminuição de jornada de trabalho com redução de salário.
Mesmo as empresas que têm conseguido segurar as demissões (ao utilizar as alternativas trabalhistas) já anteciparam à entidade que planejam demitir em grande escala nas próximas semanas. Desligamentos provocados pela insegurança oriunda do vaivém de decisões via decretos confusos e sem critérios isonômicos. A falta de um cronograma claro para reabertura do comércio sufoca as poucas alternativas de proteção ao emprego.
E após as férias? – Diante da pandemia do novo coronavírus, uma das primeiras medidas tomadas pelos empresários para preservar empregos em Foz do Iguaçu foi dar férias para os seus funcionários. A alternativa para evitar demissões em massa por causa do fechamento de empresas determinado pela prefeitura foi conceder férias vencidas ou mesmo antecipá-las.
A solução provisória começou a ser implantada tão logo foi publicado o Decreto 27.980, em 19 de março de 2020, que determinou o fechamento, em 20 de março, de shopping centers, lojas comerciais e comércio em geral – com exceção dos serviços essenciais, que continuaram em funcionamento.
O período de 30 dias começa a terminar na segunda-feira, 20, para quem adotou a medida de imediato (e assim em diante). O fato é: sem perspectivas de retomada da economia na cidade e com medidas apenas paliativas para mitigar a crise por parte dos governos, sobretudo do municipal, quantos funcionários serão demitidos em seu retorno?
* Faisal Ismail é presidente da ACIFI (Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu).