A sétima maior cidade ocupa a 90.ª posição em desenvolvimento no estado; estudo detalhado na ACIFI deverá ser levado a audiência pública.
Apesar de ser o sétimo maior município em população, Foz do Iguaçu ocupa a 90.ª posição em desenvolvimento no estado, considerando o desempenho da renda, saúde e educação. Mesmo cobrando mais impostos na divisão por morador, Foz do Iguaçu não integra o ranking das 29 das cidades do Paraná com melhor qualidade de vida.
São constatações da análise comparativa de indicadores socioeconômicos elaborada pelo Observatório Social do Brasil – Foz do Iguaçu (OSB – FI). O levantamento, a partir de fontes oficiais de dados, foi apresentado à diretoria e ao Conselho Superior da Associação Comercial e Empresarial (ACIFI), nessa segunda-feira, 9, com a participação de controladores sociais.
Indicadores oferecem uma análise comparativa do desemprenho de Foz do Iguaçu com cinco cidades – imagem Divulgação OSB-FI. CLIQUE AQUI para ver o estudo na íntegra.
A comparação toma por base seis cidades paranaenses com perfis populacionais e orçamentários similares, referenciais utilizados no meio técnico da gestão e da estatística. Os dados empregados incluem o Índice Ipardes de Desenvolvimento Municipal (IPDM), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Secretaria do Tesouro Nacional.
No IPDM, que é o medidor de desenvolvimento do Governo do Paraná, a 90.ª posição de Foz do Iguaçu a deixa atrás de Maringá (6.ª), Cascavel (11.ª), São José dos Pinhais (35.ª) e Guarapuava (56.ª), e à frente de Ponta Grossa (118.ª). O indicador melhora no recorte de economia (34.ª) e piora em saúde e educação, em que a cidade fica nas posições 352 e 204.
“São dados que nos preocupam e, por isso, queremos debatê-los mais profundamente”, enfatizou o presidente do Observatório Social, Jaime Nascimento. “Solicitamos à Câmara de Vereadores a realização de audiência pública para esse diálogo amplo, pois é a participação da população que leva a uma cidade mais desenvolvida e evoluída”, frisou.
O objetivo da avaliação desse estudo é buscar soluções que tragam melhorias para a cidade, realçou o presidente da ACIFI, Danilo Vendruscolo. “São indicadores que nos impactam. Como sociedade civil e setor produtivo, vamos ampliar a discussão para que medidas sejam tomadas e nós consigamos avançar, melhorar a nossa situação”, expôs.
Diagnóstico
O estudo foi apresentado pelo voluntário Haralan Mucelini. Ele chamou atenção para o baixo índice de emprego formal em Foz do Iguaçu (21%), na analogia com Maringá (37%), e a menor capacidade de investimentos, abaixo de 10% do orçamento, comparada a Cascavel. Sustentou que o crescimento demográfico iguaçuense é vegetativo – metade do percentual nacional.
O diagnóstico mostra que o orçamento municipal dobrou em uma década, passando de R$ 800 milhões, em 2013, para R$ 1,6 bilhão. Apesar disso, preocupa a elevada dependência das transferências do governo federal, que ficam perto de 50% e são suscetíveis a alterações dos cenários político e macroeconômico.
Desde 2017, na comparação com as demais cidades, Foz do Iguaçu tem a mais alta arrecadação por munícipe. “A receita municipal média é maior do que a apresentada por Maringá. Isso significa que o cidadão iguaçuense, proporcionalmente, paga mais impostos do que o cidadão maringaense”, contabilizou.
O controlador social ainda comparou o custo da administração municipal. “A remuneração média mensal de um servidor público em Foz do Iguaçu é de R$ 8,4 mil, resultado do valor da massa salarial e encargos dividida pelo número de servidores municipais. As outras cinco cidades analisadas ficam todas perto de R$ 6,5 mil per capita, muito abaixo de nós”, pontuou.
Orçamento robusto, alta tributação por morador e elevado encargo da máquina pública levam à interrogação sobre as entregas à população. “Os recursos estão sendo alocados eficientemente? Como sociedade, estamos recebendo o mesmo volume em serviços? Acreditamos ser pontos que devemos avançar no debate público”, asseverou Haralan Mucelini.
Soma das riquezas
Para examinar o Produto Interno Bruto (PIB) de Foz do Iguaçu comparativamente com o de outras cidades, salientou o integrante do Observatório Social, é necessário separar o valor adicionado de Itaipu Binacional. Com efeito, o valor per capita de Foz do Iguaçu é de R$ 35 mil, patamar aproximado à média nacionalmente aferida.
“Se o valor da Itaipu não for removido da conta, teremos o PIB da ‘Suíça’, o que não reflete a realidade social e econômica do nosso município”, ressaltou. “Lembramos que temos uma renda média de R$ 3,1 mil e informalidade gigantesca, um sério problema que a cidade precisa solucionar”, concluiu Haralan Mucelini.
O estudo está disponível em: fozdoiguacu.osbrasil.org.br.
Homenagem
Na reunião, a ACIFI entregou medalha ao Observatório Social em Foz do Iguaçu como reconhecimento aos relevantes trabalhos e pela terceira conquista do prêmio nacional de boas práticas. A honraria foi entregue por Danilo Vendruscolo e o presidente do Conselho Superior, Rodiney Alamini, a voluntários, diretores, técnicos e parceiros da entidade de controle social.
(AI Observatório Social e ACIFI)