A Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu lamenta o falecimento do empresário Narciso Valiati neste sábado, 02 de fevereiro. Em nome da diretoria da ACIFI, deixamos condolências aos familiares, parentes e amigos.
A trajetória de Narciso Valiati está diretamente ligada à história da ACIFI. O empreendedor foi o 11º presidente da entidade (1986 a 1988). Em dois anos, foram muitas conquistas pela entidade e para o fortalecimento da economia local, conforme destaca perfil publicado no livro “ACIFI 60 anos”, publicado em 2011.
Como homenagem, a ACIFI resgata a memória dessa liderança histórica, que contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento de Foz do Iguaçu e região ao participar de forma atuante em vários setores da sociedade civil organizada.
Narciso Valiati – 11º Presidente – Gestão 1986 – 1988
Natural de Nova Roma do Sul, município de Antonio Prado (RS), Narciso Valiati chegou a Foz do Iguaçu pouco tempo depois de concluir graduação em História, no Rio de Janeiro, em 1970. Sua mudança para Tríplice Fronteira foi motivada pelos irmãos que já moravam na região. Mas a motivação definitiva para adotar a cidade como lar foi o relacionamento com Maeli. “Conheci o Narciso no Colégio Monsenhor Guilherme, quando ele era meu professor. Namoramos, noivamos e casamos. Meu pai o convidou para trabalhar no comércio”, lembra Maeli. “Éramos revendedores da Brahma, e foi nessa época que meu marido começou sua vida empresarial”, conta.
O tempo foi passando e Valiati ganhou confiança e representatividade entre os iguaçuenses.
Seu comprometimento com as causas da cidade começou com sua decisiva participação na criação da Facisa (Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Foz do Iguaçu), o primeiro estabelecimento de ensino superior da cidade. Para que o projeto fosse levado adiante, Valiti chegou até a colaborar financeiramente na reforma da Escola Barão do Rio Branco, onde as primeiras aulas começaram a ser ministradas. Valiati também foi presidente do Country Clube antes de encabeçar a direção da ACIFI.
Com o compromisso de “Um projeto para Foz”, a chapa liderada por Narciso Valiati assumiu a presidência da Associação no dia 13 de março de 1986. Em dois anos, foram muitas conquistas pela entidade e para o fortalecimento da economia local.
Envolvimento e comprometimento com a ACIFI
Narciso começou a se engajar no trabalho da ACIFI na época em que trabalha com o sogro. Como empresário, passou a ver os problemas que a classe enfrentava e resolveu se dedicar a esse compromisso. Uma das principais características da sua gestão foi a valorização da equipe que trabalhava com ele à frente da ACIFI. Como um conciliador nato, tinha a qualidade de ouvir, questionar e tomar decisões sempre em conjunto com seus diretores e auxiliares – entre eles: Cesar Cabral, Roberto Apelbaum, Wádis Benvenutti e Wanderlei Teixeira.
Valorização da Mulher Empresária
Narciso Valiati já naquela época revelou a importância da participação da mulher no mercado de trabalho, principalmente como empreendedora. Por conata disso, quando assumiu a direção da ACIFI, criou o Conselho da Mulher Empresário e abriu espaço à participação feminina nas decisões tomadas pela associação.
Em 1986, a empresária Elaine Destro foi convidada por Valiati para ser a primeira diretora do conselho. Depois de sua criação, o conselho se associou a outros já existentes nas cidades de Ponta Grossa, Pato Branco e Curitiba para ganhar força. “Começamos a nos entrosar, pois até então a gente não conhecia muita coisa sobre o Conselho. Fomos adquirindo material para ampliar e abrir as portas”, lembra. “Narciso deu o primeiro passo, e hoje o Conselho está forte e atuante”, ressalta.
Conselho de Segurança
Valiati também se preocupou com uma área de suma importância para Foz do Iguaçu: a segurança. Com o objetivo de ajudar os órgãos de segurança pública a combater a criminalidade no município, a ACIFI criou, na gestão de Narciso, o Conselho Comunitário de Segurança. A proposta reuniu as autoridades constituídas, empresários e as associações de bairro, com a finalidade de discutir e encontrar soluções para os problemas da área. Em consequência dessa iniciativa, o empresário Carlos Duso foi eleito, em 1986, o primeiro presidente da entidade, com o apoio logístico e financeiro dos associados.
Exportação em Cruzados
Como presidente da ACIFI, Narciso enfrentou uma das mais difíceis crises econômicas de Foz do Iguaçu, causada, principalmente, pela imposição da então Cacex (Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil S.A.) de exigir que as empresas locais exportassem produtos para o Paraguai usando o dólar como moeda e não o cruzado, moeda nacional na época. Com muito empenho e apoio de sua diretoria, Narciso não poupou esforços para resolver o problema e atenuar a crise enfrentada pelas exportadoras locais – antes da entrada em vigor do Mercosul.
Integração
Desde que assumiu, Valiati definiu como ponto crucial de sua gestão a participação efetiva dos associados no cotidiano da ACIFI. Por esse motivo, deu continuidade à realização de almoços informais, realizados nas quartas-feiras, em restaurantes da cidade. Nesses encontros, a diretoria relatava todos os trabalhos que estavam sendo desenvolvidos e incentivava os associados a apresentar críticas e sugestões.
Ainda na gestão de Valiati, começaram a ser realizadas as primeiras campanhas visando a promoção do comércio local. Entre elas se destaca a campanha “Viva Foz neste Natal”, que envolvia o sorteio de carros, motos e bicicletas, e a promoção das lojas com as vitrines mais bem decoradas.
Assessoria de Imprensa
A gestão de Valiati foi a primeira a conta com uma assessoria de imprensa, com a contratação do jornalista Vinicius Ferreira, em 1986. Sua criação foi consequente à visão de que a nova diretoria tinha que ampliar a aproximação com a imprensa e divulgar as ações da ACIFI, não só para informar seus próprios associados, mas toda a comunidade. Para a época, foi uma novidade. Hoje a assessoria já está integrada ao cotidiano da entidade.
Desafios
Para Narciso, presidente a ACIFI foi mais um desafio. E ele é um homem que vive de desafios. Um exemplo é o modo como encara sua doença degenerativa há 21 anos. Enquanto muitos não aguentariam todo esse tempo, se mostra um homem forte e determinado a vencê-la, assim como demonstrou ao longo de sua vida, por todos os cargos que ocupou, tanto na iniciativa pública como privada.
Fonte: Livro “ACIFI 60 anos”, publicado em 2011.